sexta-feira, 30 de abril de 2010

Anota aí

O cérebro da mamãe, se for igual ao de outras grávidas, dizem, encolheu perto de 3% nessas 33 semanas e 5 dias. Eu, particularmente, acho que a redução já deve ter batido em 33%. hehehe

Ela tem esquecido de tudo. Não me esquece em algum canto (ainda) porque estou protegidinha aqui. Senão... Já viu, né?

Se ela não anota tudo na agenda, já era. Tem de escrever tudo: dia, horário, o que fazer. Às vezes, até como fazer. Não basta rabiscar lista de compras, por exemplo. Ela tem escrito até detalhes "fundamentais", do tipo:

"Sabonete, dos cheirosos, cremosos, branquinhos, gostosos, que façam espuma..." Hein? Hello, mamãe. Pra que tanto?

"Farinha branca, forte, aquilo que se usa para fazer pães e massas, e engorda e tem de vários tipos - de milho, de trigo, de mandioca. Nesta receita é a de trigo, é a de trigo, é a de trigo..." Me diz: precisa? 

Quanto tempo leva para ela voltar ao normal (normal, normal não sei se volta)? Se demorar muito, vai ter de ter um painel luminoso no meu quarto com um esquema dos horários de dar de mamar, trocar fralda, dar banho, fazer gracinha, descansar, bocejar, reclamar, estressar...

Ai, ai. Tá bom demais aqui onde estou.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Invasão de privacidade

Hoje foi dia de espetáculo. Em cartaz: a Manu. Euzinha.

E dê-lhe gel gelado, gente. Aquilo me acorda do pior jeito possível: no susto. Mas tudo bem. A causa é boa. Papai e mamãe ficam felizes de me ver. Eu acho aquilo bem estranho, confesso. É um tal de vira daqui, vira dali. E me medem todinha. E eu fico sem nenhuma privacidade. Até as minhas partes íntimas são exibidas na TV. Que coisa. E eu sou "de menor". Peraí. Fico sem graça. Mas aí eu fecho as pernocas e acabo com a farra.

E aí eles só conseguem... medir o tamanho do meu pé. hahahahaha. Ele tá, aliás, com 6,2 centímetros. Sabe o que é isso? É menor que o dedo indicador da mamãe.

Meu peso é que é um assombro: 1.950 gramas. Fosse eu uma picanha suculenta... Uma costelinha... Já dava um churrasquinho.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Meu Rei

Quero ser como ele. Quero dormir num, dois, três... E acordar sempre de bom humor. Quero cantar mesmo sem afinação e no ritmo que me vier à cabeça. Quero ser divertida. Quero ser honesta e justa. Quero ser sábia e inteligente e perspicaz. Quero ser devagar no trânsito (porque não há pressa, gente). Quero ser brincalhona e animada em qualquer situação. Quero ser meio Pollyana, porque a vida é tão difícil, né? Quero simpatizar com gente estranha e ter as mais maneiras como amigas. Quero ser companheira. Quero ser desprendida. Quero ser segura nas minhas decisões. Quero ter certezas, mas aceitar que às vezes também há dúvidas. Quero ser linda e fofa. Quero ser exatamente como é o meu primeiro amor: PAPAI. Feliz aniversário.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Escala Richter

Quiz: quantos graus atingem meus movimentos? Hint: eles estão cada vez mais fortes, diz a mamãe.

Pagando mico

A regra deveria ser clara, mamãe. "Pagar mico não vale." Mas eu tenho passado cada vergonha. E levado a culpa. O eixo central da mamãe está em curto-circuito. E ela diz que é por causa da barriga. Vai dizer que antes ela andava em linha reta? Papai jura que não, gente. Mas, de 33 semanas para cá, tudo é responsabilidade minha. Humpf.

Há umas semanas, ela conseguiu tropeçar na calça do pijama - dela mesma, veja bem - e trançou uma perna na outra, e não me perguntem como. Ela estava equilibrando coisas na cozinha. O prato voou para dentro da pia; já o copo... Se espatifou no chão. Os braços... Ficaram roxos por toda parte. As pernas... Que pernas? A que ficou pra cima, a que ficou pra baixo? A que torceu e distorceu? A que escorregou por baixo da pia? A que bateu no móvel? A que... Deixa pra lá. Ninguém sabe o que exatamente ocorreu com as pernas. Bom, ao fim, parecia que a mamãe tinha sido espancada... E pela calça do pijama. Hahahaha

Outro dia, na penúltima consulta com a obstetra (aquela malvada que vai me arrancar de onde estou, me dar palmada, aspirar meu nariz, me virar do avesso e ainda vai querer os louros por isso), chovia para caramba. Papai e mamãe ficaram juntinhos até o fim do conversê. Mas aí cada um foi prum lado. Ela desceu a ladeirona em que fica o consultório, compenetrada (encharcada), pé ante pé, na maior concentração. Quando acabou a descida... Scchhhhhlep. Tibum. Tanta preocupação com a descida - e ela cai justamente no plano. Que vergonha. Olha em volta, não há testemunha, ufa!! Disfarça daqui, limpa o machucado dali (com água da chuva mesmo) e apruma a moral, que essa ficou arranhada. Coitada (de nós).

E tem sido assim. Ontem mesmo, ela deve ter derrubado no chão 5 em cada 7 coisas que pegou nas mãos. Na padaria, à noite, eu já estava esperando o pior. Mas ela se ajuizou. Resolveu colocar as compras numa cestinha... Era mais prático e seguro, né, papai? Papai, papai? Faz essa cara, não. Podia ter sido pior. Ah, sim. As compras não caíram. Urru. Ela só derrubou a pilha inteira de cestinhas... E dê-lhe sorriso amarelo e o tradicional "Tá tudo bem, é só a falta de eixo. Coisa de grávida, sabe?".

Sei não. Eu não tenho nada a ver com isso.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Meus amigos Braxton e Hicks

Apresento a vocês meus dois ursinhos fofos: o Braxton e a Hicks.

O Braxton fala uma língua estranha, que eu ainda não entendo (e não é ursês). Usa uma fita rosa esquisita no pescoço (onde está escrito Harrod's, que deve ser seu sobrenome), é metido a fino. Um lord, for sure. Soube que papai e mamãe o trouxeram de Londres (onde meu dindo mora). Acho que nossa comunicação não vai ser fácil, unfortunatly. Mas eu já gosto dele e ele vai gostar de mim. E isso deve bastar, né?

A Hicks é mó legal. Tem um laçarote na cabeça, é moderninha e vive às turras com sir Braxton. Como ela é descolada, não está nem aí para o chá das cinco ou para ficar divagando sobre o clima - coisas que só ele gosta. Mas ela também fala gozado, viu? Diz coisas como "baaaaah", "capááááz"... Foi minha dinda que a trouxe para morar aqui comigo. Hum, não é que elas falam parecido?

Ouvi a mamãe dizer que o nome dos meus amiguinhos é uma homenagem a um médico inglês (John Braxton Hicks) que, em 1872, descreveu uma movimentação estranha que tem ocorrido na sua barriga. Um vaivém que de repente deixa ela durinha, como uma jaca. Até aí eu entendi. Mas ela disse que isso "é coisa da Manuela", que são (falsas) contrações fraquinhas e indolores (hein, hello, quem disse isso????), que fazem com que seu corpo se prepare para o parto.

Aí não entendi mais nada. Parto? O que é parto? E o que eu tenho a ver com isso?

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Lavando roupa suja

Nem cheguei e já dou muiiiito trabalho para minha mãe. Ainda não regurgito, não faço pipi nem babo. Mas ela já está à beira do tanque (da máquina, é bem verdade), enlouquecida, lavando todas as minhas roupas antes que eu chegue. É um tal de "separa por cor", "seleciona o tecido"... Tenho a impressão de que, à noite, dormindo, ela se sentou na cama e disse algo como "isso vai agora, esse espera a próxima, aquele ali não pode de jeito nenhum". E lascou um:

"Ai, será que solta tinta?"

Papai, me explica, por favor: ela sempre fala dormindo? Me pareceu bem estranho, mas acho que deve ser normal. Você nem se abalou.

Eu, que tudo ouço (hehe), vou ficar aqui onde estou mais um tempinho. Assim, ela não precisa ter pressa (nem pesadelo).

terça-feira, 20 de abril de 2010

Dia de Chá

Sábado, 17 de abril, foi dia de "Chá da Manu". Fiquei imaginando que eu ia ser colocada num saquinho e submergida em água quente. Já estava vendo (tremendo, me pelando de medo). Alguns iam me adoçar, outros iam me banhar com limão, outros ainda iam virar a cara para mim...

Depois de um tempo é que entendi do que se tratava. De chá, nem sinal. Era uma festinha em minha homenagem. E eu lá, impedida de provar as delícias que mamãe providenciou, de abrir meus próprios presentes e - mais - de desfrutar da presença de gente tão divertida e bacana. Ainda vou fazer isso pessoalmente... prometo. Só pude mandar um email àqueles que foram. Dizia assim:

"Oiê.
Queria agradecer imensamente pelo sábado sensacional que tivemos juntos.
Mamãe disse que a minha felicidade se traduziu em muitos – e fortes - chutes e socos. Nunca vi tanta insensibilidade (a dela). Eram piruetas, cambalhotas e duplos twistes carpados de alegria e emoção. Obrigada por tudo."


Em tempos de Alice, temi também que o Chapeleiro ou a Rainha aparecessem. Nem sinal deles. Ufa! Foi inesquecível meu chá.